Farmácia Fátima Marques

O sol finalmente apareceu e, com ele, a minha dor de cabeça. Apercebo-me dos quilinhos que engordei durante o Inverno e, agora com roupa mais leve e fresca, vêm-se as gordurinhas todas a espreitar.
Preciso de emagrecer e vou para a internet. Sim, porque hoje em dia nada se faz sem antes perguntar a opinião ao Google...

A oferta é ilimitada, as dietas são infindáveis, clinicas, tratamentos e dietas com nomes incríveis. Mas eu sei exatamente o que procurar. Procuro uma dieta fácil de fazer no dia-a-dia, com resultados rápidos e que não prejudique a minha saúde. Basicamente, procuro um milagre.

Dieta da fruta, dieta da sopa, dieta liquida, dieta do grupo sanguíneo, dieta dos pontos, dieta VLCD, dieta ortomolecular, dieta do paleolítico (muito em voga neste momento)...
Apesar da minha vontade de emagrecer rápido e sem esforço, tento não deixar que essa vontade se sobreponha à minha racionalidade. Não é fácil porque as promessas dessas dietas são muito tentadoras. Tento perceber em que se baseiam e até que ponto é que poderão funcionar, tanto a curto como a longo prazo.

Começo então a fazer uma análise de algumas dessas dietas. Algumas são muito complicadas, como é o caso da dieta ortomolecular (tenta reequilibar o organismo em termos de vitaminas e minerais com manipulados).
O maior grupo são dietas restritivas, quer sejam de proteínas, hidratos de carbono ou outras.

Cansaço, desanimo, mal-estar, são algumas das consequências mais imediatas. Mas o pior é mesmo o aumento de peso. Parece um contrassenso? Não se pensarmos nas pessoas que conhecemos que emagreceram e depois, passados uns meses, acabaram ainda com mais peso do que no inicio. E porquê? É simples: o emagrecimento rápido surge, normalmente, à custa da perda de água e, principalmente, de massa muscular, muito mais do que de gordura, que é o desejado.

A massa muscular é a grande responsável pelo nosso metabolismo basal (valor calórico necessário para nos mantermos vivos). Havendo perda de massa muscular, a necessidade calórica passa a ser menor. Se não houver uma correção do nosso estilo de vida, quer em termos alimentares quer em termos de atividade física, a ingestão de calóricas adaptadas ao corpo inicial farão engordar mais depressa um corpo que já precisa de menos.
Além disso, por exemplo, no caso de uma dieta restritiva de hidratos de carbono, mais cedo ou mais tarde, irá acabar por haver um consumo compulsivo destes alimentos.

Mas, então, o que é que devo fazer para perder estes quilos que não deixam a roupa assentar bem no meu corpo?

O primeiro, e mais importante, é fazer as pazes com a nossa alimentação e lidar com os alimentos da forma mais correta. Respeitar a nossa amiga “Roda dos Alimentos” ainda é um bom caminho. O conhecimento dos alimentos é importante para podermos fazer as melhores escolhas. Costumo dizer muitas vezes que até posso engordar mas porque opto fazê-lo (ao ceder aos alimentos hipercalóricos) e não porque não sabia o que estava a fazer.

Por vezes este processo não é fácil porque se criaram muitos mitos à volta da alimentação e já não sabemos o que é realmente verdade. Por isso, às vezes, é importante encontrar alguém que nos ajude a fazer boas escolhas alimentares e que nos oriente no sentido dos bons hábitos alimentares. Esta terá de ser uma pessoa com conhecimentos a nível alimentar mas que nos saiba levar por um caminho equilibrado. Infelizmente, hoje em dia, ainda são muitos os profissionais que também cedem à tentação de seguir caminhos menos saudáveis.

O realmente importante é termos uma alimentação saudável. A perda e o equilíbrio do peso virá como uma consequência dessa prática. Ao corrigirmos os hábitos alimentares, numa primeira fase, perdemos peso mas, depois, esse emagrecimento acabará por se tornar mais ou menos permanente, tal como se pretende.


Agora despeço-me de todos e vou eu própria praticar aquilo que prego...


Maria dos Remédios